
Elen Nas, PhD
(Elen Cristina Carvalho Nascimento)
DIREITOS INDÍGENAS EM TEMPOS DE IA, em 9/12/25 às 14h
De que lugar eu falo?
Reeingressei ao mundo da pesquisa, como Cientista Social na áera de tecnologia e sociedade , dentro do campo do Design, tratando da interação humano-computador (IHC) no campo das artes com uma pesquisa histórica sobre o papel social e humano de criar experiências lúdicas com as tecnologias de modo que as pessoas não sejam simples usuárias, mas que passem a se apropriar das tecnologias para dar um significado que não seja simplesmente de opressão na adaptação aos novos contextos que se apresentam.
Me direcionei para o Doutorado em Bioética em 2017, a partir do entendimento de que a vida biológica tem sido desafiada pela presença de uma tecnopolítica que também é biopolítica e que, para muitos, vem se tornando uma necropolítica.
Assim, me voltei para as questões éticas da IA e da robótica, antes que estes projetos se tornassem a preocupação mundial que são hoje. No campo da Bioética, no Brasil, não conhecia ninguém tratando do assunto e por este motivo fui para duas Universidades, a Monash na Austrália, e a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, onde pesquisadores dos campos da Filosofia e Informática estavam analisando com profundidade estes processos de mudança com olhar sobre os impactos éticos e humanos de modo a influenciar políticas públicas.
Sempre soube da existência das minhas origens índigenas e Africanas, mas foi em 2020 durante a pandemia e com o ‘gatilho’ do assassinato de George Floyd nos EUA, onde estava naquele momento, que senti a necessidade urgente de reinvidicar as origens afroindígenas como forma de deixar claro de que lado estou e de que valores inegociáveis estão presentes no meu olhar como pessoa informada e qualificada dentro do sistema de conhecimento do Ocidente, que rege as políticas das instituições, sejam elas de ensino ou de gestão pública.
De volta ao Brasil para o Pós-Doutorado no Instituto de Estudos Avançados da USP, fui designada a coordenar um grupo de investigação sobre os problemas da misoginia, extremismo e racismo nas interações humano-algoritmo, o que me fez criar a proposta de uma plataforma chamada DecolonizAI e conduzir um ação experimental inicial sobre como a IA está ou não preparada para representar nossas ideias sobre o futuro que queremos. O projeto ficou então pausado em virtude das novas urgências apresentadas no mundo sobre a IA e iniciamos um novo grupo de IA Responsável que organizei separando os participantes inscritos por grupos de interesse (IA no Trabalho, Educação, Governo, Saúde, etc.).
A partir desta e outras vastas experiências prévias, publiquei diversos textos e o que apresentarei sobre o PBIA e os Direitos Indígenas é algo original e inédito com base em uma longa caminhada. Pois a Bioética diz respeito a políticas públicas que observem a ética e a justiça. E a pesquisa em Design diz respeito a entender as pessoas, suas necessidades e modos com os quais interagem com as tecnologias.
